segunda-feira, 25 de abril de 2011

LIVRO DE RECEITAS - Você gosta de licor de figos?

Pequenos livros...
Grandes receitas...
Muitos amigos...


Livro de Receitas

No final do verão passado, comprei a casa que por muito tempo pertenceu aos Gray. Estava fechada por mais de 20 anos. Uma linda casa! Meu objetivo era comprar e revender, mas foi quando entrei na sala que tudo mudou. Alguns móveis velhos ainda estavam lá e entre eles, um pequeno baú. Dentro dele, havia algumas folhas soltas de um livro velho, que forravam o fundo. Eram folhas de um livro de receitas. Cada folha, uma receita. Recolhi uma a uma e fui colocando dentro do livro que tinha muitas outras tão maravilhosas quanto aquelas em minhas mãos. Algumas estavam grudadas, mal dava para ver o que estava escrito. Na volta para casa, enquanto organizava o livro, era impossível não imaginar o gosto dos bolos, das tortas, das geléias... e dos licores... ah!! um aroma contagiante...
Resolvi testar algumas das receitas. Enquanto eu terminava de preparar um dos bolos, alguém bateu na minha porta. Era uma vizinha, perguntando que cheiro bom era aquele. Convidei-a para entrar e juntas saboreamos aquele bolo. E isso se repetiu com a torta..., as geléias..., cada receita, uma pessoa na porta, todas trazidas pelo cheiro bom que pairava no ar. Fiz novos amigos, reencontrei outros e os laços de amizade com os mais próximos se fortaleceram. Minha casa já estava ficando pequena demais para tanta gente. Aquelas receitas eram mágicas. Conseguiram o que há anos eu estava tentando. No mês seguinte, mudei-me para a casa onde encontrei o livro e nas sextas-feiras, passou a ser um ponto de encontro. Em uma dessas tardes, uma senhora muito simpática, bateu em minha porta e disse que veio por causa do aroma do licor de figos. Ela entrou e enquanto eu lhe servia um cálice, ela me disse que estava muito feliz, pois estava realizando seu maior desejo:
- "Novamente um cálice de licor de figos e mais uma tarde entre amigos!"
Foi isso que ela me disse.
Ela aproximou-se da mesa e seus olhos brilhavam enquanto ela folhava o livro de receitas. Conversamos enquanto eu preparava uma torta de maçãs. Pedí a ela que ficasse, aumentando assim o grupo de amigos. Com os olhos marejados e um sorriso em seus lábios, ela me disse que era o que ela mais queria. Deixei-a na cozinha e fui receber outras pessoas que batiam na porta. Quando voltei, ela não estava mais lá. O livro estava fechado e ao lado dele sobre um punhado de farinha, eu pude ler: página 03.
Enquanto meus olhos percorriam a casa para encontrá-la, uma brisa leve passou por mim, apagando o que estava na mesa.
Depois que todos foram embora, abri o livro e desgrudei a página 03 da anterior, podendo assim ler o que estava escrito. Tinha uma dedicatória e dizia o seguinte:

“Estas receitas são mágicas e devem ser saboreadas por amigos, degustadas com amigos e estreitar laços entre amigos...
A magia está no fazer.
Comemore, deguste e brinde... principalmente se for com um cálice de licor de figos.”
Adelaide Gray


Um ano depois, minha casa, de ponto de encontro, passou a uma casa de chás, aberta agora, todos os dias. O livro de receitas tem um lugar especial na entrada. Todos que chegam até aqui, sabem da história. Muitas outras são contadas entre os amigos, mas nenhuma se destaca mais que a do livro de receitas. Há quem de vez em quando deixe um punhado de farinha ao seu lado. Quanto à mim, bem, eu sempre deixo um cálice de licor de figos na mesa da cozinha... afinal, eu estou entre amigos...
Lhu Weiss

sábado, 16 de abril de 2011

OS LENHADORES DE MORKENTOWN

Noites frias...
Nas montanhas...

Cuidado com o que está entre as árvores!


Os Lenhadores de Morkentown

Foi em uma noite fria que reunimos um grupo para contar histórias em volta da fogueira! Outras pessoas do acampamento, também vieram para contar histórias, principalmente de terror. Um homem alto que veio acompanhado de um primo meu, prontificou-se a contar a primeira e começou falando:
- Algumas histórias, sempre nos deixam intrigados e essa que vou contar é um tanto quanto difícil de entender, acreditar então...
- No ano de 1920, era comum homens procurarem emprego de lenhadores. As empresas os contratavam e os levavam para as montanhas. Ficavam lá em cima por dias, às vezes por meses. Normalmente eram amigos, pais e filhos, vizinhos, todos se conheciam, principalmente se eram de cidades pequenas. Mas em algumas temporadas, era comum que viessem estranhos de outros lugares. As montanhas de Morkentown, eram famosas. Por onde quer que você passasse, todos sabiam que por lá existiam as melhores árvores. Emprego garantido! E foi lá que alguns desses estranhos chegaram para trabalhar. Entre eles, John Norhalae. Ninguém o conhecia, mas foi bem recebido. John era um homem forte, de traços marcantes e de muita personalidade. Subiram as montanhas, montaram seus acampamentos e começaram seus trabalhos. John, não demorou, começou a se destacar entre eles. Bom lenhador, ajudava os amigos e era o melhor contador de histórias. Todos sempre queriam estar com John. Menos um. O velho Doug Parkerwille. Ele não gostava de John. Era um velho ranzinza, de poucos amigos, mas sempre estava nas montanhas. Trabalhava muito e falava quase nada. Em um fim de tarde, quando todos voltavam para o acampamento, um barulho pôde ser ouvido entre as árvores. Era como se fosse alguém muito forte derrubando galhos e troncos. Em seguida, um grito assustador tomou conta do lugar. Por alguns minutos, todos ficaram imobilizados. Aquele grito ecoava pelas montanhas. Outros lenhadores de outros acampamentos se aproximaram assustados, perguntando o que tinha acontecido. Ninguém soube responder. Começaram então, contar seus homens. Somente três não estavam entre eles. Dois deles, eram John e o velho Doug. Mais de uma hora se passou e só então apareceram John, com muitos arranhões pelo corpo e... o velho Doug. John disse que estava escuro, só sentiu ser atacado, mas conseguiu fugir. Doug, por sua vez, ficou calado. Saíram em busca do outro homem, mas foi só no dia seguinte, que o encontraram arranhado, pescoço dilacerado...morto! Nunca havia acontecido nada igual. Quem ou o quê o teria matado? Alguns acreditavam ter sido um urso gigante. Dias depois, durante à noite, em volta da uma fogueira, enquanto eles bebiam e contavam histórias, o velho Doug observava John. Aproximou-se e perguntou como foi que ele escapou do suposto urso. John sorriu e disse que era muito forte. Mais forte do que todos pudessem imaginar! O velho perguntou se era forte o suficiente para fugir ou matar...Todos olharam para John e para Doug. O quê estava acontecendo alí? Acusações? Suspeitas?... John levantou-se e sem falar nada, deixou Doug sem resposta. Os outros logo voltaram às bebidas e às histórias. Eles achavam que o velho estava delirando. Em outros dias, outros homens também apareceram mortos. Decidiram que procurariam e matariam aquele urso. Que urso? Não havia nenhum urso!... Saíram em caçada e desta vez o grito de horror eclodia entre as árvores. Alguns homens com medo tentaram fugir, mas nunca conseguiram ir além do riacho, eram mortos. Doug disse que era John quem estava matando os lenhadores. Que ele se transformava em um monstro grande e forte e se alimentava do sangue deles. Todos disseram que Doug estava louco e que deveria ir embora. Mas nem Doug e nem os homens conseguiram. Foi uma noite de horror, uma carnificina total. Ninguém desceu das montanhas naquela temporada. Somente dois homens. John e Doug. Entre as pessoas da cidade, não houve quem não acreditasse que Doug era o monstro que matou aqueles lenhadores. Foi o único que tinha sangue em suas mãos e estava vivo! Foi internado como louco. John estava bastante machucado, mas recuperou-se. Foi interrogado, mas como não viu nada, não pôde ajudar nas investigações. John prometeu à si mesmo que nunca mais voltaria naquelas montanhas. Em outras... talvez, mas nunca sozinho, sempre acompanhado. Depois disso, ninguém nunca mais o viu. Hoje tenho certeza que ninguém soube o que realmente aconteceu. E também não souberam do segredo de Doug.
- Que segredo? Perguntou um dos ouvintes em volta da fogueira.
- Doug tentou proteger os lenhadores, mas não tinha como controlar seu filho...
- Que filho? Uma outra pessoa, bastante assustada perguntou.
- John! Ele era o segredo que Doug tinha.
- Mas se era segredo, se ninguém desceu das montanhas, se ninguém nunca mais viu o John, como você sabe disso?
Então, ele levantou-se, começou a apagar a fogueira e disse:
- Porque ele, o velho Doug, era o meu pai...






    Lhú Weiss

    sexta-feira, 8 de abril de 2011

    LORD CASPEL BARYE

    O cêis gosta di vinho?
    Intão bebi essi...qui o cêis vai virá vampiro!




    LORD CASPEL BARYE
    ( Um causo contado por um mineirim caipira )

    Eu inté vô contá um causo pro céis. Quem cunheci o Lordi Casper Barye qui nem eu, tamen gosta muito deli, demai da conta, num sabe? O homi si mudô prás banda di cá, no finarzim do mês passado i já foi logo fazeno amigo.
    As moça vivi falano: “ Ô homi bunito”!

    I os moço vivi falano: “Ô homi sinistro”!
    I num é qui é verdade? O bunito fica por conta das moça, agora sinistro, uai... iss eli émezz.
    Ô ceis óia bem, o homi têm um cabelão cumpridão demai da conta, preto, preto, preto. Já a cara, é branca, branca, branca. Iguarzim paper. I o cêis num sabi o qui mai. Eli usa uma capona preta, preta, preta, Iguarzim o cabelão. Adora passiá di noiti, dispois qui o sór si põe. Eli fala qui gosta di esperá um tar di crepúsculo i embora. Intão eli sai prô seu paseio noturno! Acho qui essi tar di crepúsculo, devi di sê um cara muito chato! Nunca ví eli não! Mai vortano no assunto, “Seo” Casper Barye é um homi sinistro, mai muito bão. Notra noiti, eli convidô os amigo lá du buteco prá tomá umas bebida, na casa deli. Si nóis fumu? Uai... nóis fumu, sim! Chegano lá, quando eli abriu as porta, num dáva prá creditá não! Um casarão! Parecia um castelo! Tinha uma larera grandona, com um fogão bem grandão! Bão, bem grandão, não! Era um foguim queimano...queimano...mai parecia grandi! I a iscada? Num cabava mai. I os degrar? Tinha um tapeti vermêio...bem vermêio!
    Na salona no lado, era só garrafa di vinho! Um montão mezz! Tudo quanto é tipim di vinho, tinha lá! Si nóis bebêmo? Uai... nóis bebêmo, sim! Os vinho éra bão! Ô trem bão! Demai da conta! Tinha garrafa grandi, piquena, cheia, meio cheia, com uns nomi bem istranho, istranho mêmo! Mai éra bão! Nóis bebêmo tanto, mai tanto, qui inté chegô uma hora, qui eu já tava trocano as bola, ou mió, as garrafa. Mai tinha uma, qui num é qui chamô minha tenção? Tinha um rótulo com um nomi... ó aqui ó, num sei falá não, mai iscrevi assim:
    B.L.O.O.D. O+. Perguntei o qui éra i eli falô qui num éra prá bebê aqueli não!

    Uai? Mai pur caus diquê aqueli não?... Num resisti i virei guela baixo. Homi-rapai! I num é qui éra bão? Demai da conta!
    Mai o cêis num sabi qui conteceu! O homi veio ca queli jeito todo gentir i segurô no meu braço i...NHAC! meteu o denti! Falô qui era pra “ repô o vinho”. Num intendi nada não!
    Quanto nóis bebia, eli deu uma saidinha ca garrafa na mão. Mai vorto loguim, loguim! Num sei ondi eli foi não!
    Táva tudo muito bão, bão mezz! Só num gostei di uma coisa... lá pelas tanta da madrugada eli falô qui antis do sôr nascê, nóis tinha qui i imbora! Tinha qui durmi!

    Uai! Durmi di dia? Bão, dispois di tanto bebê, nóis tamen ia!
    Inté qui eli num bebeu muito não! Na hora qui nóis táva, já lá na rua, ví qui tinha isquicido as chave! A patroa num ia abrí a porta não! Ah, não mezz! Então vortei i bati na porta da casa deli, mai num atendeu não! Aí, eu entrei né? Num sei ondi eli tava não! Peguei as chave i fui procurá pra mi dispedi di novo. Foi intão qui resorvi subi a escada i cheguei numa outra salona. O cêis num sabi o qui tinha lá! Ó aqui ó, uns deiz caxão! Bão, deiz não, só um. Mai tinha! I num é qui o “Seo” Casper tava durmino lá dentro? Ô homi sinistro, ô homi estranho!
    Num fiquei cum medo não! Izz é coisa di genti “ecêntrica”! Fui embora, dexei o homi lá, i num falei nadinha, nadinha pra ninguém não!
    Uai, genti! O “Seo” Casper é genti boa! Num faiz nada pra ninguém não! Eu inté qui tô gostano da idéia di durmi no caxão! I izz começô dispois da mordida.
    Genti?...genti?... ei? Pessoar? Ondi qui o cêis vai?... Vorta qui! Eu num cabei di contá o causo não! Ara... povinho bessta sô! Inté pareci qui tão veno vampiro!

    Dá nada não! Manhã tudim elis vai lá tomá, o tar di vinho B.L.O.O.D. O+ qui é bão demai da conta! Ô trem bão! “Seo” Casper sabi convencê! Como? Vem aqui qui o cêis vai vê...

    Lhú Weiss
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