segunda-feira, 8 de março de 2010

ÚNICO - Adoro janelas...

Você já deu uma espiada através de uma janela?
Algumas vezes, uma pequena curiosidade revela um mundo incrível!
Então, o que você está esperando?




Único

Era fim de tarde, um friozinho de outono tocava suavemente o meu rosto na volta do trabalho para casa. Minha atenção estava toda voltada para aquele banho quentinho, aquela xícara de café que me esperava em casa, quando ouvi risos que vinham de dentro de uma janela entreaberta da casa da esquina. Minha curiosidade nessa hora me fez ver, que meu banho poderia esperar alguns minutos. Aproximei-me da janela, olhei entre as cortinas que balançavam no mesmo ritmo da música que tocava em um gramofone. (Ah!! Quanto tempo eu não via um gramofone!!). Ao lado, estavam duas senhoras sentadas ao redor de uma pequena mesa, onde bolinhos e xícaras de chá pareciam atentos aos risos, que as duas misturavam entre as palavras. Me aproximei mais ainda e pude ouvir que falavam que ele era único,... Insubstituível,... O rei,... Único, único!... Cantavam juntas com a música e riam de uma época em que muitas aventuras aconteceram e pelo jeito, todas ao som daquelas músicas. Senti-me como um intruso, afinal, eram assuntos que interessavam somente a elas, mas eu já estava tão envolvido... Parecia os bolinhos, só sairia dali, se alguém me tirasse!
Meus minutos se transformaram em horas, não vi o tempo passar e acredito que elas também não me viram na janela. Cada música uma história, cada história muitos risos, que remetiam a uma saudade não só das histórias, mas principalmente daquela pessoa que elas tanto adoravam enquanto cantava e encantava. Quando dei por mim, sabia que precisava ir embora. Deixei aquela cena ainda com a ponta dos dedos deslizando sobre a janela, mas decidido que em outros dias, faria o mesmo, caso elas estivessem lá.
Fiquei atento e descobri que isso se repetia a cada uma vez por mês, os risos, os bolinhos, as xícaras de chá, as histórias, tudo igual... E a cada história, uma certeza: elas tinham razão, ele é realmente o único.
Nos mudamos no final da primavera para uma outra cidade. Nunca mais voltei para lá. Mas todas as vezes que me lembro daqueles maravilhosos fins de tarde, deixo minha janela entreaberta, têm pipoca e refrigerante, meu aparelho de som não tem o mesmo glamour do gramofone, mas os meus CDS têm as mesmas músicas! Não conto histórias, mas danço canto e fico esperando que alguém também se aproxime da minha janela e se identifique com aquela voz tão envolvente, daquele que sempre será único!
A música que toca agora me lembra bem aquela primeira vez em que me aproximei da janela e é mais ou menos assim: YOU ALWAYS ON MY MIND... YOU ALWAYS ON MY MIND...
Lhu Weiss

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