segunda-feira, 8 de março de 2010

CORONEL JOSH WILLIAMS - Difícil não se emocionar!


O que há por de trás de um uniforme de guerra?
Um ser humano sedento de violência

ou um guerreiro cujo coração está cheio de marcas que a vida deixou?
Lutar é preciso... vencer, nem sempre...



Coronel Josh Williams
Gosto de guerra! Tanques de guerra, uniformes de guerra, aviões, navios... Tudo de guerra! Principalmente os meus soldadinhos de guerra! Essa era a frase que qualquer um podia me ouvir falar.
Eu sempre ficava fascinado por tudo que fosse sobre guerra. Não sei se por causa dos filmes que assistia ou por causa das cores e desenhos que tinham os meus brinquedos.
Eu costumava brincar em frente da minha casa, assim aproveitava para ver o movimento. Tínhamos um vizinho que dificilmente falava com alguém, seu nome era Sr. Williams, ele morava sozinho, somente sua filha o visitava de vez em quando. Era um senhor alto e magro, com cabelos e barba perfeitos, roupas sempre bem alinhadas, gestos rápidos ao cumprimentar e uma cara carrancuda!!...Porém, um olhar triste e profundo. Alguma coisa o incomodava! Eu não entendia porque um homem assim cultivava flores, isso mesmo, flores, especialmente rosas e vermelhas, eram lindas... Mas a meu ver, isso não combinava com ele.
Ele não costumava prestar atenção em quase nada à sua volta, mas em mim, sempre sobrava um olhar visto pelo canto dos olhos, rápido, quase de relance, principalmente quando eu brincava de matar meus inimigos. Em algumas vezes, eu o vi vagarosamente abrir a cortina da janela da sua casa, e novamente lá estava ele. Dessa vez, fixando os olhos em meus soldadinhos. E repetiu esses olhares em outras vezes, quando suavemente colhia algumas flores.
Homem sério... Olhar triste... Colhendo flores... Nada disso combinava! Um dia, ele atravessou a rua e eu só percebi que ele se aproximou de mim, quando sua sombra escureceu meu campo de batalha. Olhei lentamente para cima, trêmulo, mas confiante e logo pensei; soldados não se deixam abalar, mesmo quando o inimigo parece bem pior do que se imagina! Ele demorou, mas perguntou:
- Filho, o quê faz você gostar de guerra? Devagar fui me levantando e criando coragem para falar.
- Bem, eu ainda não sei, mas sei que gosto!
- Deixe eu te falar uma coisa, não pense que a guerra é algo bom. Ela destrói, mata, deixa filhos sem pais e o que era ilusão, se transforma em um eterno pesadelo.
Foi a frase mais profunda que eu já tinha ouvido, depois da minha, é claro. Mas ao contrário de mim, ele tinha certeza no que falava.
- Sr. Williams, como o senhor sabe? Não entende nada de guerras, só de flores!
- Acredite filho, eu sei!
Fiquei ali parado enquanto ele se virava rapidamente e voltava para sua casa. Olhei para o meu campo de batalha e comecei a pensar no que tinha acabado de ouvir.
Semanas se passaram e em uma manhã de outono, acordei e olhei pela minha janela. Vi vários homens em frente da casa dele. Marinheiros, soldados, fuzileiros, um carro enorme preto... Achei que a guerra tinha começado, e bem ali em frente! Desci, e fui ver tudo de perto, eu não sabia o que tinha acontecido. Me aproximei e continuei sem entender nada.
Eles foram embora. A única a ficar foi sua filha. Em suas mãos, uma rosa vermelha. Ficou ali por alguns minutos... foi embora e nunca mais voltou. Depois de muito tempo vazia, a casa foi vendida. Anos depois pesquisei sobre o Sr. Williams e descobri que ele era o Coronel Josh Williams, o responsável por mandar soldados para a guerra. Comandou vários combates e esteve à frente de quase todos e foi condecorado por vitórias que só agora eu sei que foram derrotas pessoais.
Demorou, mas eu entendi que cada rosa que ele plantava, era uma forma de se redimir dos erros do passado.
Eu ainda tenho meus soldadinhos! Gosto deles! Dos uniformes, dos aviões, dos navios... Não vou me desfazer deles! Gosto deles!
Continuo fascinado! Mas hoje, posso afirmar que se depender de mim, eu não vou precisar cultivar flores...


Lhu Weiss

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